Ampliando recursos
de saúde mental
Nós ampliamos nossa abordagem multifacetada de saúde mental e transtorno de uso de substâncias para antecipar e atender às necessidades de nossos associados durante as atribulações do isolamento social, incertezas econômicas e estresse.
Atendendo a crescente necessidade de cuidados
Nossa abordagem de saúde mental e transtorno de uso de substâncias inclui uma equipe interna de profissionais da saúde e gerentes de caso de saúde mental, além de serviços on-line inovadores e colaboração próxima com provedores da comunidade. Criamos um novo centro de recursos para ajudar associados a encontrar o atendimento de que precisam. E para ajudar a atender a crescente demanda por cuidados de saúde mental, adicionamos mais de 400 novos profissionais de saúde mental à nossa rede. Isso elevou o número total de psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, terapeutas familiares e outros profissionais de saúde mental cuidando de nossos associados a quase 15.000.
Boas-vindas a mais psiquiatras infantis
Massachusetts, assim como outros estados, sofre há muito tempo com a falta de psiquiatras infantis da rede. Cientes de que as interrupções sociais e no ensino causadas pela pandemia afetavam as crianças de forma ainda mais intensa, ampliamos nossa rede de psiquiatras infantis oferecendo um novo programa de incentivos que aumentou nossas taxas de reembolso em 50%.
Integrando os cuidados primários
e o atendimento de saúde mental
O Alternative Quality Contract, nosso sistema de pagamentos com base em valor, fornece aos hospitais e profissionais da saúde participantes "pagamentos globais" que permitem o máximo de flexibilidade na forma como atendem pacientes. Ao longo dos anos, vários consultórios de cuidados primários do AQC integraram profissionais de saúde mental para melhor tratar das necessidades de atendimento de saúde de seus pacientes. Agora, estamos oferecendo ainda mais incentivos para esse tipo de atendimento. As clínicas de cuidados primários que implementarem um modelo de gestão de atendimento psiquiátrico colaborativo, algo que comprovadamente melhora resultados de saúde mental e física, receberão pagamentos adicionais nossos.
Oferecendo mais acesso a recursos on-line inovadores
Com o aumento da depressão, insônia, estresse e ansiedade durante a pandemia, ampliamos o acesso ao Learn to Live, um serviço on-line inovador que fornece programas autodirecionados com base nos fundamentos da terapia comportamental cognitiva. O programa agora está disponível a todos os clientes e associados totalmente segurados, bem como a clientes autossegurados que optarem por adquiri-lo para seus funcionários.
Abordando desigualdades relacionadas à saúde mental
"Eu acredito que o tratamento adequado da saúde mental pode salvar vidas. Salvou a minha."
Comunidades não brancas têm sofrido de maneira desproporcional durante a pandemia da COVID-19. Pedimos a uma notável psiquiatra afroamericana que compartilhasse sua perspectiva a respeito do estigma e das desigualdades raciais no campo da saúde mental, bem como seu conselho sobre a melhor forma de escolher um provedor de saúde mental, como parte de uma série vencedora do Digital Health Award sobre desigualdades na saúde para o Coverage, nosso serviço de notícias.
Perguntas e respostas sobre saúde mental e a pandemia
À medida que funcionários de todo país trabalhavam de casa sob pressão intensa, nossos psiquiatras internos conduziram dezenas de webinars sobre saúde mental para milhares de nossos associados, em parceria com nossos clientes empregadores e agentes. Nós também colaboramos com The Boston Globe para reunir um painel de profissionais de saúde mental com experiência em tratamento, ensino de saúde, desigualdades na saúde e serviços relacionados ao uso de substâncias para responder a perguntas sobre criação dos filhos, desigualdades raciais e outras questões que afetam tantos de nós durante esta crise econômica e da saúde.
Palestrante 1:
B é por acreditar (believing) que cuidar da saúde mental é cuidar da saúde. É por isso que temos mais opções, como consultas de terapia remota, programas autoguiados e produtos de bem-estar. Encontre o apoio de que você precisa em bluecrossma.org.
Andrew Dreyfus:
Boa tarde. Sou Andrew Dreyfus, CEO da Blue Cross Blue Shield of Massachusetts. Em nome da Blue Cross, e do Boston Globe, agradeço por se juntarem a nós hoje nesta conversa importante e oportuna sobre saúde mental. Se você tem ansiedade ou depressão, não está sozinho. Mais de 40% dos americanos estão enfrentando algum tipo de desafio de saúde mental ou comportamental relacionado à pandemia de COVID. As taxas de ansiedade e depressão, por exemplo, estão quase 400% mais altas do que há apenas um ano. Testemunhei isso em meu próprio círculo de família e amigos, e é um desafio lidar com problemas de saúde mental. Obviamente, os americanos estão preocupados, e com razão, com a COVID-19.
Andrew Dreyfus:
Estamos separados de amigos e familiares, muitos de nós perdemos amigos ou entes queridos, estamos lutando com desafios financeiros por conta de mudanças na economia e perdas de empregos. E os médicos estão vendo em pacientes problemas e desafios de saúde mental que nunca viram antes. E eles estão vendo problemas de saúde mental se aprofundando cada vez mais naqueles que há muito lutam contra o problema. Na Blue Cross, o acesso aos cuidados com a saúde mental sempre foi uma prioridade e hoje estamos engajados em uma série de novas iniciativas para atender às necessidades de saúde mental de maneiras criativas.
Andrew Dreyfus:
Estamos oferecendo webinars para milhares de nossos associados, sobre depressão, ansiedade, estresse causado pela injustiça social, racismo e muitos outros assuntos. Expandimos muito a disponibilidade de telehealth, que de certa forma revolucionou o campo da saúde mental nos últimos seis a nove meses. E estamos trabalhando com psiquiatras infantis, médicos de cuidados primários e outros para tornar o tratamento mais acessível a camadas ainda mais amplas da população. Temos muita sorte aqui em Massachusetts por ter médicos brilhantes e solidários com quem podemos trabalhar. Você vai ouvir alguns desses médicos hoje.
Andrew Dreyfus:
Tenho a satisfação de apresentar um deles a você, o Dr. Ken Duckworth. Ele vai moderar a sessão de hoje. Ele é o diretor sênior de saúde comportamental aqui na Blue Cross e também atua como diretor médico da Aliança Nacional de Doenças Mentais. Então, Ken, vou passar a palavra para você.
Ken Duckworth:
Obrigado, Andrew. Quero saudar o The Globe por abordar este tópico. A saúde mental é um movimento importante desta pandemia. E acho que você pode perceber que isso é sentido em muitos lugares diferentes, e a pesquisa está apoiando isso. Hoje temos três excelentes painelistas para fazer as perguntas que vocês enviaram e gostaria de apresentá-las agora. E depois de apresentá-las, tratarei das perguntas que foram enviadas pelos leitores do The Globe e participantes deste evento.
Ken Duckworth:
A primeira pessoa que gostaria de apresentar é Christine Crawford. Christine, pode ligar sua câmera? Christine é psiquiatra de crianças e adolescentes. Além disso, é mestre em saúde pública pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston. Christine também é a diretora associada de Educação para Estudantes de Medicina da Escola de Medicina da Universidade de Boston. Deirdre Calvert é assistente social clínica licenciada e atual diretora do Departamento de Serviços de Dependência de Substâncias aqui em Massachusetts. E Irene Falgas Bague, que se formou na Espanha e tem uma perspectiva internacional. Ela é uma psiquiatra que trabalha com as disparidades na comunidade latina, em particular na Unidade de Pesquisa de Disparidades do Mass General Hospital.
Ken Duckworth:
Portanto, são líderes locais e médicas notáveis. E quero começar perguntando a cada uma de vocês o que estão vendo da perspectiva em que estão. Christine, poderia começar?
Christine Crawford:
Obrigada pelo convite, Ken. Estou muito feliz por fazer parte deste evento hoje sobre este tópico tão importante. Agora, em termos do que vejo como psiquiatra infantil no meu dia a dia, são taxas crescentes de ansiedade, depressão e problemas comportamentais nas crianças que estou tratando. Uma coisa que sabemos ser verdade durante o curso desta pandemia é que as taxas de ansiedade e depressão triplicaram durante este período e foram amplamente afetadas pela população negra e hispânica, na qual observamos aumentos muito maiores nas taxas de depressão e ansiedade. Tratam-se dos dados observados nos adultos, então você pode imaginar que se os adultos estão passando por dificuldades emocionais, se enfrentam problemas físicos e financeiros, isso terá um impacto tremendo no bem-estar emocional das crianças que vejo na minha clínica.
Christine Crawford:
Outro fator sobre as crianças que estão passando por essa pandemia é que existe uma tremenda sensação de isolamento. Elas não podem frequentar a escola, estar perto dos colegas e obter o apoio emocional a que tinham acesso tão prontamente. E estamos vendo esses fatores contribuindo para mais crises de depressão, mais crises de ansiedade. E isso também pode expor as crianças a mais dificuldades dentro de casa, porque elas passam mais tempo com membros da família que não estavam tão presentes antes da pandemia. E, além disso, do modo como o ensino remoto tem ocorrido, não é uma tarefa fácil para nossos filhos e nossos pais administrarem. Então, você pode imaginar a quantidade de tensão e conflito que existe dentro de algumas dessas casas, que está contribuindo ainda mais para o sofrimento emocional que nossas crianças estão experimentando.
Christine Crawford:
É difícil para elas acompanhar todas as tarefas on-line, saber como navegar em várias plataformas, ter acesso aos trabalhos escolares. E para os pais que agora estão assumindo o papel de professores, quando antes estavam apenas acostumados a ser pais. E assim, estamos vendo uma quantidade enorme de estressores que estão afetando todas as pessoas. Mas sabemos que, principalmente nas comunidades não brancas, eles já eram afetados por uma série de problemas antes do início desta pandemia. E é por isso que observamos taxas muito mais altas de vários sintomas psiquiátricos em crianças, especialmente as não brancas.
Ken Duckworth:
Obrigado, Christine. Deirdre, da sua perspectiva liderando uma agência de dependência, a agência de transtorno de uso de substâncias da Comunidade de Massachusetts, você trabalhou muito na epidemia da crise de opiáceos antes da pandemia. Como você vê o uso de substâncias relacionado à pandemia neste momento?
Deirdre Calvert:
Obrigada, Ken, e novamente gostaria de agradecer por me permitir estar aqui e falar sobre este assunto incrivelmente importante. Bem, sabemos que a recuperação acontece junto da comunidade e que a dependência prospera isoladamente. E então essa pandemia nos trouxe um impasse porque pedimos às pessoas que se isolassem por segurança e saúde. E, no entanto, para os milhares e milhares de indivíduos que sofrem com a dependência, essa é uma tarefa muito difícil. O que nos preocupa, e não diminuímos o ritmo em termos da epidemia de opiáceos, é saber como manter as pessoas seguras.
Deirdre Calvert:
E quanto às coisas que nos preocupam além da epidemia de opiáceos, só quero lembrar às pessoas que 74.000 americanos morreram no ano passado de causas relacionadas ao álcool. E estamos preocupados com o aumento do consumo de álcool durante esse período, muito preocupados com isso. Estamos preocupados com o aumento do risco de overdose. Massachusetts é um estado de alto risco de overdoses de opiáceos. E quando estamos sozinhos, estamos olhando para pessoas que fazem uso sozinhas. Isso quer dizer que não há ninguém lá para administrar naloxona conforme necessário, se alguém tiver uma overdose.
Deirdre Calvert:
Estamos analisando mudanças no fornecimento de drogas, talvez alguns traficantes ou caminhos pelos quais a droga chega em nosso estado tenham mudado, e sabemos que o maior risco de overdose é quando alguém muda de traficante ou a quantidade de onde está obtendo drogas. Há uma relutância dos indivíduos em fazer o tratamento, porque estão preocupados em contrair a COVID. Então eles não querem fazer a desintoxicação, ou ir a algum outro ambiente de encontros onde possa haver muitas pessoas. Eles podem ser os únicos cuidadores e não ter acesso ao tratamento. Então, reforçando o que disse a Dra. Crawford, eles estão em casa, e agora estão fazendo muito mais em sua rotina diária no que diz respeito a cuidar dos filhos, ensiná-los e coisas assim.
Deirdre Calvert:
Temos o estigma contínuo do acesso ao tratamento, então as pessoas não querem acessar o tratamento. E a COVID também trouxe, como vimos, um aumento no número de desabrigados e pessoas com moradia incerta. Essas são as preocupações que estamos enfrentando. São as preocupações relacionadas a indivíduos. Com relação aos provedores, estamos muito preocupados com eles, porque também estamos pedindo a eles que diminuam sua capacidade de leitos para permitir o distanciamento social. Portanto, nas áreas em que precisamos de capacidade, estamos pedindo às pessoas que a reduzam. Então, esses são alguns dos...
Ken Duckworth:
Mas a demanda simplesmente aumentou, ao mesmo tempo que há mais pressão sobre a oferta porque não é possível ter várias pessoas em uma sala. É nisso que você está pensando?
Deirdre Calvert:
É exatamente isso. É exatamente isso. Então, essas são apenas algumas das preocupações que estamos, de modo ativo e agressivo, tentando mitigar em nosso trabalho aqui no Departamento de Serviços de Dependência de Substâncias (BSAS).
Ken Duckworth:
Obrigado, Deirdre. Irene, você é uma líder nas perspectivas culturais sobre saúde mental, e seu trabalho com a população latina nos arredores de Boston é algo que eu gostaria que você descrevesse, o que tem visto durante esta pandemia.
Irene Falgas Bague:
Sim, claro. Muito obrigada, antes de mais nada, por ter a oportunidade de falar sobre esse assunto tão importante. Então, basicamente eu acrescentaria que acho que a Christine e a Deirdre apontaram pontos muito, muito gerais que todos nós estamos observando. As pessoas que são profissionais, que estão tentando ajudar e lidando com aqueles que enfrentam problemas de depressão, ansiedade e uso de substâncias durante esta pandemia. Mas eu acrescentaria que esta tem sido uma longa jornada, e que já vimos diferentes faces dela. Então, foi muito diferente quando começamos em março, e pensamos que seria algo em torno de um mês, e ficaríamos em casa por um mês, e então voltaríamos, e como ficariam nossa saúde mental e nossos sintomas até então?
Irene Falgas Bague:
Mas depois o verão foi chegando, e como passamos nosso verão, e nossa população, as pessoas e os profissionais com que trabalhamos — como eles estavam enfrentando o verão sem poder viajar para seus países, por exemplo, para imigrantes sem poder… Como foi ver todas essas mudanças políticas que os impediam de viajar. Então, também tem acontecido muita coisa no âmbito da população de imigrantes relacionada a isso, que também afetou a saúde mental deles. Depois vimos todos os fatores estressantes relacionados à escola, como a Dra. Crawford estava mencionando. Filhos em casa, e lidar com as próprias necessidades como adultos com os filhos em casa, como você pode sair e trabalhar?
Irene Falgas Bague:
Porque, como a Dra. Crawford estava dizendo, o problema que temos visto é que é algo que vem antes da pandemia, que a situação básica para latinos e demais comunidades não brancas era muito pior do que outras comunidades. Portanto, quando a pandemia chegou, a capacidade de enfrentamento encarou desafios muito maiores. E estamos falando de taxa de desemprego, estamos falando de emprego e estabilidade, e onde você encontra seu emprego a ponto de ficar muito mais exposto ao vírus, você não tem capacidade de trabalhar de casa como outras pessoas podem ter . E depois todas as outras coisas, a moradia estável, o risco de despejo.
Irene Falgas Bague:
Então, essas são todas as coisas com as quais temos lidado e que temos tentado gerenciar durante esses meses. Eu também acrescentaria que, na Unidade de Pesquisa de Disparidades, estamos nos concentrando na pesquisa e tentando fazer pesquisas na comunidade. Portanto, grande parte do nosso trabalho era fazer divulgação, tentando quebrar o estigma de falar sobre saúde mental, e buscar atendimento para comunidades latinas, chinesas e não brancas. Tem sido muito difícil também encontrar as pessoas, onde elas estão, porque estamos pedindo às pessoas que fiquem isoladas em casa. A gente vê de um lado que os sintomas aumentaram, mas do outro lado é muito mais difícil chegar até as pessoas e oferecer atendimento.
Irene Falgas Bague:
Então, isso tem sido um desafio importante. E, por último, gostaria de finalizar dizendo que também estamos muito interessados em observar os fatores de resiliência, pois sabemos que essas comunidades já passaram por muitos estressores antes da pandemia, e também queremos aprender com todas essas habilidades de resiliência que as pessoas desenvolvem em crises como esta. Então...
Ken Duckworth:
Isso é importante, a saúde mental diz respeito tanto a sintomas quanto a vulnerabilidade, mas também pontos fortes, capacidade de enfrentamento e resiliência. E parece que parte do trabalho que vocês estão fazendo é realmente entender melhor o que ajuda as pessoas a controlar alguns desses estressores. Gostaria de ouvir as perguntas do público do The Globe. Janet pergunta: "Como dizer a alguém que você não está bem quando tem um teto sobre sua cabeça, dinheiro no banco e comida na mesa?" Deirdre, quero começar por você, porque sei que você trabalhou em todos os ambientes imagináveis, incluindo a população de sem-teto para uma equipe privada de tratamento comunitário ativo. Então, essa pessoa está dizendo: "Pareço estar bem e, se você olhar minha vida de fora, parece que estou bem. Como posso transmitir às pessoas o que estou enfrentando?"
Deirdre Calvert:
Essa é uma questão com a qual todos temos dificuldade, e acho que é uma questão muito importante. E sempre reparo no modo como falamos conosco mesmos: falaríamos com outra pessoa dessa maneira? Reduziríamos os sentimentos ou a validade de outras pessoas? E então eu realmente me concentro em como voltaríamos nosso foco para o que podemos e não podemos gerenciar, e o que podemos e não podemos controlar. E procuro ser compreensiva e entender que você não pode comparar e contrastar. Sempre encontraremos pessoas que têm grama mais verde ou grama morta do outro lado da cerca. E então, o que podemos fazer neste momento? Quais são os desafios que você está enfrentando? A condição humana é para todos nós, estamos todos tentando compreender este mundo, e este novo mundo com a pandemia. E eu olharia para essas coisas. Então, eu seria compreensiva com nós mesmos. Buscaria o perdão e pediria ajuda, porque não há vergonha em pedir ajuda. Todos estamos tentando entender isso. Ninguém jamais teve que lidar com essa pandemia, não em meus 50 e tantos anos, esse tipo de crise. Portanto, estamos todos tentando aprender à medida que avançamos.
Ken Duckworth:
É a primeria pandemia de todos nós, e nunca fui a uma aula de saúde mental para pandemias. Embora certamente na Associação Americana de Psiquiatria haverá dezenas delas ano que vem. Uma das coisas que ouvi foi… no que você disse. Que a pessoa deve ser compreensiva consigo mesma ao fazer a mesma pergunta. Stacy fez uma pergunta sobre vergonha, preconceito, estigma, mesmo dentro de um sistema familiar. Christine, você tem alguma ideia sobre esse desafio específico que as pessoas enfrentam, o desejo interno de contar a alguém e descobrir com quem você pode falar? E a pergunta de Stacy, "Em quem você pode confiar?"
Christine Crawford:
Sim, é uma pergunta maravilhosa porque pode ser realmente desafiador e frustrante estar passando por um sofrimento emocional interno e querer se conectar com as pessoas ao seu redor, seus entes queridos. E quando você faz tentativas de se abrir, transmitir o que está sentindo, muitas vezes você se depara com comentários que podem ser bastante adversos e fazem parecer que as pessoas não obterão o apoio de que precisam e a compreensão de que precisam de outras pessoas.
Christine Crawford:
E quando isso continua acontecendo, as pessoas continuam sentindo essa vergonha, essa culpa dentro de si, e sentem como se estivessem sozinhas, quando já é difícil o suficiente ter uma condição de saúde mental, mas vivenciar isso sozinho sem o apoio dos entes queridos pode tornar a situação ainda mais difícil. E então, uma coisa que encorajo as pessoas a fazer, que é tão importante encontrar, mesmo que seja uma única pessoa, mesmo que seja apenas o seu médico de cuidados primários, para estabelecer um relacionamento com alguém com quem você pode compartilhar suas experiências emocionais, sem a preocupação em ser julgado negativamente. Porque quando recorremos a familiares e amigos, sempre há essa preocupação com o julgamento negativo, certo?
Christine Crawford:
Voltando à pergunta de Janet, bem, você parece bem, todas as suas necessidades básicas foram atendidas, qual é o problema? Quando você se encontra com um provedor de saúde mental, ele reconhece que é algo importante. Sabemos que a saúde mental está diretamente ligada à nossa saúde física. É por isso que digo aos pacientes: "Temos um pescoço porque o cérebro está ligado ao resto do corpo". Portanto, se você não está se sentindo bem emocionalmente, fisicamente não será capaz de se sair bem. Você não vai conseguir sair da cama, seu apetite não vai ser tão grande. Você não conseguirá ter toda a energia de que precisa para manter seus relacionamentos com todas as pessoas em sua vida.
Christine Crawford:
Nem para manter sua capacidade funcional, que lhe permite ser um bom pai e um bom funcionário. Portanto, conversar com um provedor de saúde mental pode ser muito útil, e esse profissional também pode fornecer o apoio de que você precisa para ter essas conversas difíceis com sua família. Eles podem fornecer estratégias de como você pode conduzir algumas dessas conversas, de modo que você não tenha que continuar a viver com medo de ser julgado, para não precisar viver com medo de que as pessoas tenham atitudes ou suposições negativas sobre você. E isso também pode diminuir um pouco a vergonha, o que, felizmente, também pode fazer com que você possa se curar de algumas das dificuldades emocionais que está experimentando.
Ken Duckworth:
Essa ideia de ir ao médico de cuidados primários... acho que está demonstrado na literatura que cerca de metade das consultas de saúde mental, consultas médicas a um médico de cuidados primários têm uma dimensão de saúde mental ou uma dimensão de uso de substâncias. Eles estão acostumados a ter essa conversa e, portanto, se você não consegue encontrar alguém em sua vida familiar imediata, esse é o lugar a que recorrer. Irene, queria perguntar a você, que tem formação internacional, realizou treinamento na Espanha e sei que também fez alguns de seus trabalhos em Montreal. Você pode falar um pouco sobre as atitudes e a vergonha de buscar ajuda nas outras culturas que já observou?
Irene Falgas Bague:
Sim, claro. Acho que a visão sobre falar sobre saúde mental é algo bem universal, e como essa visão é moldada é diferente dependendo da cultura de onde você vem. Mas eu diria que isso é algo muito geral. E tendemos a pensar que nossa cultura é especial, e ouvimos muito isso. Para nós, para as latinas, é assim mesmo. É verdade, não podemos falar sobre isso. Não posso falar com minha mãe sobre isso porque ela vai me julgar, e certamente temos essas suposições em nossa cultura. Mas quando você perguntar isso a alguém de origem chinesa, ela dirá exatamente o mesmo, e dirá: "Na verdade, é ainda pior, porque a saúde mental, o mundo da saúde mental era tabu na China, e os termos não existem em nosso idioma". E temos que encontrar outras maneiras de traduzir.
Irene Falgas Bague:
Por exemplo, fazemos todas as nossas intervenções em mandarim e cantonês também, então precisamos encontrar maneiras criativas de falar sobre depressão, porque não há uma palavra exata para falar sobre isso da forma como a entendemos em inglês. Eu diria que isso é um tabu em toda parte, para muitas culturas. Mas a maneira de expressar é diferente. E ir a um psicoterapeuta e ficar deitado em um [inaudível aos 00:23:20] é algo que também é cultural. Acho que é importante estar ciente disso, que é algo que é moldado pela nossa cultura, e como buscamos ajuda também é moldado.
Irene Falgas Bague:
Por isso é muito importante quando falamos com alguém que pode estar enfrentando um problema de saúde mental, o que eu sempre uso são estas quatro perguntas sobre formulação cultural, que são: "O que você entende do que está acontecendo com você? Por que você acha que isso está acontecendo? E como você acha que poderia melhorar?" Porque essas três perguntas trazem muitas informações sobre quais são as estratégias que podem ser úteis para essa pessoa. Além disso, como você estava dizendo, eu enfatizaria mais e mais o papel do provedor de cuidados primários nisso. E eu não quero sobrecarregar ainda mais eles, mas acho que se não for o médico de cuidados primários, pode ser a enfermeira, a pessoa que está ali, o auxiliar médico. Alguém que fará parte da comunidade e estará lá para ouvi-lo, não importa qual seja a cultura de onde você vier. E é muito, muito importante saber que há algo próximo a você, alguém que pode ouvi-lo e estar presente.
Ken Duckworth:
Não se preocupar sozinho é um conceito universal e realmente parece que, da sua perspectiva, este é um problema universal. Portanto, Patricia escreve: "Se você está tendo depressão e nunca teve antes, como saber a gravidade e onde começar a procurar ajuda?" E sei que falamos sobre cuidados primários. Christine, você quer começar a responder essa pergunta? Como saber quando é a hora de buscar ajuda e onde você deve procurar?
Christine Crawford:
Sim. E acho que a razão pela qual muitas vezes as pessoas não têm certeza sobre quando procurar atendimento é porque não temos conversas abertas sobre isso. Ficamos tão ansiosos e prontos para falar sobre dores de cabeça e como fomos ver o neurologista, ou consultamos um especialista em estômago, se estamos tendo problemas de estômago. Estamos tão acostumados a falar sobre todas as outras especialidades de saúde e sobre a ajuda que procuramos quando tivemos os sintomas. Mas é muito raro encontrar alguém que compartilhe com você: "Acho que estava passando por uma depressão. Ficava pensando nessas coisas, era difícil sair da cama. E conversei com meu médico de cuidados primários, que me recomendou começar a tomar medicamentos". Não conversamos sobre essas coisas. E estou muito animada pelo fato de que estamos tendo essa discussão agora, para que as pessoas possam sair deste webinar e saber quando é a hora de realmente procurarem ajuda.
Christine Crawford:
Portanto, existem algumas coisas que acho que seria importante para as pessoas manterem em mente. Procure notar o modo como se sente, seja triste, desanimado ou constantemente no limite, com dificuldades para controlar suas preocupações e sem conseguir deixar de pensar sobre um monte de coisas ao mesmo tempo. Se está chegando ao ponto em que você não consegue mais fazer nada, e o que quero dizer com isso é que você não consegue trabalhar, não consegue se concentrar no trabalho, não consegue manter relacionamentos em sua vida. Se seu desempenho na escola está ruim por causa de alguns desses sintomas, e sua saúde física também está se deteriorando, o que significa que você está perdendo peso, tem dores no corpo e não está dormindo, isso é um sinal claro de que você precisa conversar com um provedor de assistência médica sobre o que está passando.
Christine Crawford:
Agora, as condições de saúde mental são condições de saúde e respondem ao tratamento. E dispomos de inúmeros tratamentos disponíveis. E acho que muitas pessoas acreditam: "Bem, estou me sentindo assim nas últimas duas semanas, ou no último mês, vou superar isso, não será tão ruim". Mas o tempo passa e a situação continua. Mas se você tivesse um problema pulmonar e não conseguisse respirar, não esperaria seis ou oito meses para falar com alguém, se já não pudesse dar três passos. Por isso, encorajo as pessoas, se isso já está acontecendo há algumas semanas, por mais de um mês, a ir buscar ajuda. O que vemos em psiquiatria infantil é que muitas vezes há um atraso significativo entre a criança apresentar os sintomas e os pais realmente levarem-na para atendimento.
Christine Crawford:
Vemos que, na verdade, algumas crianças levam anos antes de irem pela primeira vez ao provedor de assistência médica. E você pode imaginar o impacto negativo que isso pode ter no crescimento e desenvolvimento geral de uma criança. Então, encorajo as pessoas a serem capazes de reconhecer esses sinais e sintomas, se estiverem atrapalhando o seu dia a dia, e obter ajuda o mais cedo possível, porque existem tratamentos disponíveis e não queremos que as pessoas continuem a sofrer sem um motivo importante quando há ajuda disponível.
Ken Duckworth:
Concordo com sua ênfase na duração e na capacidade funcional, seu papel como pai ou funcionário está ficando prejudicado e a duração é importante. Uma coisa é reservar um dia para a saúde mental, mas é outra coisa se você estiver enfrentando problemas por semanas. Dierdre, gostaria de fazer uma pergunta relacioanda, sobre uma pessoa que está se recuperando do vício durante este período de isolamento e está começando a se perguntar se está perdendo um pouco de sua capacidade. Como você pensaria sobre isso com alguém, como médica e como líder neste campo?
Deirdre Calvert:
Obrigada, essa é uma excelente pergunta. Eu estava pensando muito sobre o que Christine estava dizendo também, como manter isso. Quero voltar um pouco e pensar sobre a cultura que temos agora e a ênfase em depender do álcool, por assim dizer, para nos acalmar. Há o hábito do vinho, ou o "ajudante da mamãe", ou o fato de as lojas de bebidas ficarem abertas durante a pandemia. Isso contribui para o que as pessoas podem pensar que é a normalidade do enfrentamento. E esquecemos que nossa família e nossos filhos nos observam enquanto aprendemos a lidar com situações. E se estamos recorrendo ao álcool, maconha ou medicamentos ilícitos, eles estão aprendendo conosco. Então, alguém no início da recuperação, estamos realmente enfatizando a necessidade de chegar a essa pessoa.
Deirdre Calvert:
Agora que está disponível, e vamos garantir que esteja disponível, 23 páginas de suporte on-line para as pessoas. E acho que é muito difícil porque também precisamos lembrar que muitos dos indivíduos que lutam contra a dependência podem não ter acesso a computadores, dados, telefones, privacidade para até mesmo falar com alguém em suas casas, se estiverem enfrentando problemas. Portanto, agora estamos de fato enviando a mensagem de que você não está sozinho e que estamos aqui, e que existem vários caminhos para receber suporte, e enfatizamos que não há uma maneira certa nem errada de receber suporte, apenas o que for apropriado para essa pessoa.
Deirdre Calvert:
E acho que às vezes as pessoas pensam em uma comparação... como na primeira pergunta: "Não estou tão mal, não preciso de desintoxicação ou não preciso de x, y e z, então não estou tão mal assim". Precisamos lembrar que não há comparação. Se está afetando sua vida, se a dependência está afetando sua vida de alguma forma que você não consegue ser um bom profissional, não consegue criar seus filhos, não consegue estar presente, esses são sinais preocupantes para as pessoas de que precisam de cuidados para si mesmas. Também encorajaria ter uma conversa com o médico de cuidados primários, se for uma pessoa religiosa, obter qualquer tipo de apoio religioso, envolver amigos e familiares.
Deirdre Calvert:
Como eu disse no início, a dependência cresce quando a pessoa está isolada. E quando nos isolamos, vivemos em nossa própria cabeça. E eu lembro às pessoas o tempo todo de quantas pedem privacidade e dizem: "Por favor ajude minha mãe, por favor ajude meu pai, por favor ajude meu filho", e se as pessoas simplesmente começassem a falar umas com as outras, e a entender que isso é uma condição humana, me pergunto onde estaríamos. Há um filme maravilhoso chamado The Anonymous People, sobre se os grupos de ajuda anônima ajudaram ou atrapalharam muitas pessoas na recuperação, porque encorajaram o estigma às vezes, por conta da busca por privacidade. A pessoas têm esse direito, e queremos que o tenham, mas nos perguntamos se houve mais aceitação e compreensão pois uma em cada quatro pessoas lida com a dependência em algum nível. Pode até ser mais, talvez uma em cada três. Esta é uma condição humana e ninguém está livre dela.
Ken Duckworth:
Obrigado. Odette faz a pergunta, estou pensando em Christine e Irene, "Negros, pardos e outros pacientes não brancos geralmente recebem os piores cuidados e tratamento discriminatório no sistema de saúde mental. A discussão pública geralmente se concentra nas atitudes ou estigma dentro dessas culturas, mas e sobre a qualidade do atendimento?" E assim nos aproximando das questões de racismo sistêmico no atendimento, a partir deste leitor. Sim, Christine, quer falar disso primeiro?
Christine Crawford:
Sim, e acredito que essa questão já nos remete à questão do racismo sistêmico e racismo institucional. Odette, você está certa, tem havido tantas conversas sobre o que as comunidades não brancas podem fazer para desmantelar o estigma em torno da saúde mental, mas o que os provedores de saúde mental podem fazer para desmantelar também o racismo que existe por muitos anos em nosso campo? Acho que uma coisa que é importante notar é que nos últimos meses, diria especialmente devido ao cômputo nacional sobre raça, dados todos os protestos e o que tem acontecido durante este período de tempo, é que tem havido discussões mais abertas dentro do campo de saúde mental sobre o papel que os médicos têm desempenhado na perpetuação do racismo sistêmico contínuo que existe dentro da saúde mental.
Christine Crawford:
Acho que é importante que os médicos entendam o contexto histórico da saúde mental em nosso país. Sabemos que, remontando aos tempos da escravidão, que existiam condições psiquiátricas próprias dos escravos, dos escravos que fugiam ou tentavam fugir dos seus donos. Essa era uma condição psiquiátrica real. E o tratamento prescrito pelos psiquiatras era chicotear o escravo no sol quente, para curá-lo de sua enfermidade. E então, à medida que nos aproximamos do século 19, sabemos que havia um consenso de que certas condições como depressão e ansiedade não eram sentidas pelos negros porque havia essa suposição de que a mente negra não era sofisticada o suficiente para sofrer algumas dessas condições.
Christine Crawford:
E então, se já temos esse contexto histórico dentro da psiquiatria, e já tem sido bastante desafiador para pessoas negras entrarem no campo da saúde mental, você pode imaginar que há uma série de preocupações contínuas sobre se as pessoas não brancas podem confiar em seus médicos. Que eles tenham uma compreensão sobre essa história e como ela impactou e influenciou a maneira como tratamos certas doenças e a maneira como as diagnosticamos. Quando se trata de determinados diagnósticos, tem havido muita conversa na área sobre o DSM5, que é o guia que os médicos usam para diagnosticar certas condições.
Christine Crawford:
Bem, o que sabemos ser verdade é que depressão, ansiedade, sintomas de trauma podem se apresentar de formas diferentes em pessoas com origens culturais diferentes. E não há reconhecimento crescente do fato de que isso é verdade. E isso pode ter contribuído para que várias pessoas não brancas recebessem o diagnóstico errado e, como resultado, recebessem a forma errada de tratamento, ou poderia ter contribuído para um atraso no recebimento do tratamento. A outra coisa que vemos, especialmente em indivíduos que estão passando por sofrimento emocional significativo, é que ficam agitados ou apresentam dificuldades em termos da maneira como estão percebendo as informações da realidade e a maneira como estão pensando sobre as coisas.
Christine Crawford:
Ao procurarem o pronto-socorro, ou se estão no meio de uma crise, costuma-se supor que, se esse indivíduo for um homem negro, ele pode ter um transtorno psicótico ou pode ter alguma outra condição quando, na realidade, pode ser um indivíduo que está sofrendo de depressão. E a maneira como manifestam isso é ficando agitados. E então, como resultado, temos visto um aumento nas taxas de homens negros sendo indevidamente diagnosticados com transtornos psicóticos e recebendo o tipo errado de tratamento medicamentoso para isso. E assim, estou animada pelo fato de que minha área agora está falando sobre isso, procurando entender como é que estamos contribuindo ainda mais para alguns dos problemas, algumas das disparidades que vemos na saúde mental quando se trata de comunidades não brancas. E como podemos mudar nossas práticas de prescrição, nossas práticas de diagnóstico, para serem mais condizentes com uma comunidade diversificada. O [falas sobrepostas 00:38:55] —
Ken Duckworth:
[inaudível 00:38:57] reforçando a fala da diretora associada de Educação para Estudantes de Medicina, eu me deparei com drapetomania, que era o nome do diagnóstico para escravos fugitivos, por conta própria. Mas não era parte de uma educação sistêmica sobre como raça e cultura realmente afetam como fazemos nosso trabalho. E me dá grande conforto saber que os alunos formados pela Escola de Medicina da Universidade de Boston são influenciados por você e outros líderes como você. Irene, você gostaria de oferecer uma perspectiva sobre essa questão sobre disparidades e racismo sistêmico em termos de cuidadores?
Irene Falgas Bague:
Sim, estava pensando sobre qual é a melhor coisa que posso falar para otimizar o tempo que temos. Falando de forma muito específica, apenas para trazer algumas informações muito específicas. Perguntamos aos imigrantes latinos na Espanha, que moram na Espanha e em Boston, quais são as barreiras que estavam enfrentando para o acesso aos serviços de saúde comportamental. E ficamos a par de muitas barreiras diferentes, depois as reunimos e as classificamos. A mais importante estava relacionado à desconfiança com relação aos serviços de saúde comportamental, e era muito maior aqui nos EUA do que na Espanha, e há muitas coisas que poderíamos discutir e os motivos, mas o idioma é um fator muito importante, como você pode imaginar. Mas é muito interessante notar a desconfiança. Ainda que haja acesso, existe uma desconfiança. Isso é muito importante saber e se relaciona ao que Christine dizia sobre treinar os profissionais em competência cultural, e estar mais aberto a qualquer tipo de sofrimento emocional, e não apenas usar suposições como ferramenta de diagnóstico. Acho que isso é muito, muito importante.
Irene Falgas Bague:
Mas acho muito importante saber que a barreira mais significativa que as pessoas relataram foi a desconfiança no sistema. E a outra coisa que queria mencionar é que isso fazia parte de um grande ensaio clínico onde estávamos testando uma intervenção, uma intervenção psicoterápica, fornecida por agentes comunitários de saúde, pessoas que falavam a mesma língua, que vinham da mesma origem, que tinham muito em comum com o povo, com os imigrantes latinos. Vimos que as pessoas com maior número de barreiras e as pessoas que tinham alto índice de desconfiança nos sistemas eram as pessoas mais engajadas e que mais aderiram ao tratamento que estávamos oferecendo.
Irene Falgas Bague:
Isso é algo para se ter mente, que talvez as pessoas que deveriam tratar pessoas não brancas sejam pessoas não brancas, ou pessoas que realmente entendem e compartilham uma formação semelhante. É apenas uma discussão, e é resultado do que temos constatado que quando é alguém da comunidade quem faz o tratamento, a adesão ao tratamento de saúde comportamental é muito maior.
Ken Duckworth:
Obrigada, Irene. Vamos falar um pouco sobre janeiro e fevereiro. Acho que todos nós, em um dia cinzento de novembro, temos uma sensação de pavor quanto os dias mais breves que estão por vir. E quero mencionar para as pessoas que têm componentes sazonais ativos em sua depressão, que aconteceu em invernos anteriores: não esperem que eles passem despercebidos neste inverno. Caixas de luz, 10.000 [inaudível 00:42:57] é uma intervenção muito específica, paga pelos planos de saúde em muitos casos. Portanto, se você e seu médico identificaram que há um componente sazonal em sua depressão que é tratável, o tratamento é o uso de caixas de luz. Deirdre, o que você está pensando sobre janeiro e fevereiro?
Irene Falgas Bague:
Oh, céus. Estamos trabalhando muito duro. Na verdade, como equipe, temos pensado muito sobre essa segunda onda e como vamos envolver as pessoas durante esse período. Portanto, continuamos a alcançar comunidades e fornecedores para garantir o acesso ao telehealth. Para garantir que as pessoas tenham acesso a essa flexibilidade que é oferecida pelo governo federal e agora por meio do estado. Nós somos, de fato, para alguns, um OBATP, que são Programas de Tratamento de Dependência em Consultórios. Estamos reembolsando despesas de telefones e planos de dados, para que as pessoas possam começar a tomar medicamentos que salvam vidas. É para isso que estamos nos planejando. Estamos trabalhando com nossos 26 centros de suporte de recuperação para garantir que tenhamos acesso, para que as pessoas que estão com dificuldades tenham um lugar para entrar e receber apoio.
Irene Falgas Bague:
Estamos agindo ativamente. Somente este ano, desde janeiro, distribuímos 75.000 kits de naloxona e continuaremos a fornecer kits de naloxona a toda a região. Vamos garantir que as pessoas que estão recebendo medicamentos com base científica – metadona, Suboxone, Vivitrol e qualquer outro medicamento psiquiátrico ou de ansiedade ou depressão de que precisem – possam continuar a ter acesso. Estamos sendo tão proativos quanto possível para garantir a segurança e o apoio a todas as pessoas e suas famílias.
Ken Duckworth:
Richard e Robin estão com perguntas semelhantes sobre isolamento durante a pandemia e a conexão como uma intervenção para a saúde mental. E eu quero adicionar um toque com relação ao próximo feriado de Ação de Graças. Como vocês pensariam sobre isso? Famílias e conexões como bons conceitos de força e resiliência. Christine, quer falar disso?
Christine Crawford:
Sim. O que sabemos é que, quando se trata de feriados, podem ser uma ocasião alegre para todos, e sabemos que podem ser uma época muito estressante para várias pessoas também. Mesmo assim, poder visitar nossos entes queridos é extremamente importante. E acho que há um cansaço importante com certas práticas de distanciamento social que fazem com que as pessoas ajam por conta própria e ainda se conectem com seus entes queridos, embora o risco de transmissão deste vírus ainda seja bastante alto.
Christine Crawford:
E o que venho sugerindo a alguns de meus pacientes, sobre como agir nos próximos feriados e nos próximos meses de inverno, é que sejam criativos. E assim, maneiras pelas quais as pessoas podem ser criativas e ainda ser capazes de manter aquele senso de conexão com seus entes queridos, é fazer o que estamos fazendo agora, usando tecnologia, usando Zoom e FaceTime. No entanto, existem várias comunidades que não têm acesso a algumas dessas tecnologias que tornam mais fácil para as pessoas permanecerem conectadas. Desse modo, encontrar maneiras de falar no telefone por determinados períodos de tempo, ou bolar um plano para fazer a mesma receita juntos e compartilhar como foi sua experiência fazendo essa receita com outras pessoas.
Christine Crawford:
Encontrar atividades com as quais as pessoas possam entrar em contato remotamente ou a uma distância física apropriada é algo em que se pensar. A ideia aqui é apenas encontrar maneiras de se conectar com as pessoas, sabendo, no entanto, que essa conexão nem sempre precisa ser lado a lado, com alguém ali com você. Mas poder ter alguém com quem conversar, alguém com quem você possa compartilhar experiências, seja pelo telefone, seja pelo computador... isso é o principal. E sabemos que isso também pode reduzir parte da ansiedade e da depressão que as pessoas podem sentir se não tiverem suporte social adequado.
Ken Duckworth:
Irene, o que você acha de janeiro e fevereiro, um desafio previsível para todos nós?
Irene Falgas Bague:
Sim, acho que aproveitaria o que Christine estava dizendo, que é muito importante sermos criativos e realmente confiarmos na capacidade humana de se adaptar e se ajustar às dificuldades. Porque sabemos que podemos passar por dificuldades, podemos prosperar nas dificuldades e aprender, nos ajustar e ser ainda melhores depois delas. Então, acho que é muito importante que sejamos gentis com nós mesmos e perguntemos: "Isso é normal?" "Vai ser um inverno difícil, mas vou tentar torná-lo o mais ameno possível na minha cabeça". E ser criativo. Por isso, saia o máximo que puder, isso é algo que estamos sempre incentivando. Tente vestir as luvas e o cachecol e sair. E tente planejar isso de forma que seja algo regular, uma espécie de rotina.
Irene Falgas Bague:
E para comemorar e tentar estar com as pessoas que você gosta e que apoiam você, procure estar on-line e fazer isso de forma regular. Não espere ser chamado, pois isso pode aumentar sua tristeza se não te ligarem, o que é algo que vemos muito frequentemente. E muitos conflitos que surgem por causa dessa falta de planejamento do apoio social. Faça algo planejado, assim você sabe que todos os dias às 8:00 p.m. você tem essa conversa com seus entes queridos que estão longe ou que você não pode ver. Portanto, torne isso algo regular, para planejar com antecedência e tornar parte da sua vida, porque você sabe que é algo que o ajudará a enfrentar o inverno e a temporada.
Ken Duckworth:
Obrigado. A Carol tem uma pergunta muito específica sobre uma subpopulação. "O relatório do CDC que Andrew Dreyfus mencionou no início observou que os jovens adultos estão tendo dificuldades específicas agora." A pergunta da Carol é sobre jovens em idade universitária e o que estão passando. Mas, primeiro, quero apenas reconhecer que o número de jovens e jovens adultos em idade universitária que estão enfrentando problemas é muito alto. E esse número era impressionante, especialmente em comparação com pessoas mais velhas. E, pensando bem, está afetando as pessoas na sua época de desenvolvimento, quando estão começando, quando estão tentando desenvolver uma identidade, descobrir quem são de alguma forma. Christine, você é psiquiatra de crianças e adolescentes. Tem alguma opinião sobre esse impacto desproporcional no desenvolvimento ao longo da vida?
Christine Crawford:
Sim. É realmente desafiador porque sabemos que para os jovens dessa faixa etária, do ponto de vista do desenvolvimento, é apropriado quererem estar conectados com seus colegas, ter um senso de independência, ter a capacidade de explorar seus interesses e ter acesso a coisas que lhes trazem alegria. E, como resultado dessa pandemia, todas essas coisas foram limitadas. E, além disso, há uma tremenda sensação de pressão dos colegas que esses jovens sentem quando estão no campus da faculdade e estão vendo alguns de seus amigos não seguirem certas práticas de distanciamento social. E então, há alguma dificuldade em querer ser aceito pelo seu grupo de colegas, mas também saber que às vezes não é a melhor ideia seguir a multidão. Trata-se de um momento muito confuso. E depois recebem ligações dos pais, de familiares, dizendo para fazerem x, y, z, e não estão seguindo. É realmente difícil.
Christine Crawford:
Além disso, uma coisa bastante concreta também é que os serviços de saúde mental, serviços de saúde comportamental no campus e fora do campus estão simplesmente sobrecarregados e inundados agora com encaminhamentos. E assim, vimos que há capacidade limitada no local para fornecer aconselhamento e orientação para esses jovens sobre como enfrentar alguns desses desafios que podem estar contribuindo ainda mais para sua ansiedade e depressão. Como psiquiatra infantil na clínica, vejo que agora estamos praticamente lotados. Temos recebido muitos encaminhamentos. E sei que falamos antes sobre a importância do médico de cuidados primários, mas não consigo enfatizar o suficiente como é importante falar com ele ou ela, porque somos apenas 8.000 psiquiatras infantis em todo o país. Por isso, a capacidade de todos de poder atender às necessidades de nossos jovens realmente se esgotou. Então, Carol, eu entendo sua preocupação. Entendo sua preocupação, Carol.
Ken Duckworth:
Obrigado, Christine. Estamos chegando ao fim. Últimas considerações, Deirdre?
Deirdre Calvert:
Muito obrigada por me deixar participar. Acho que estamos aprendendo sobre a pandemia à medida que avançamos, e todos estamos esgotados. Fiquei pensando nisso enquanto Christine e Irene falavam, que há muito cansaço. Mas não estamos sozinhos, e acho que você disse Ken: "Ninguém deveria se preocupar sozinho". Existem pessoas, suporte e defensores ao seu lado, peça ajuda a essas pessoas.
Ken Duckworth:
Últimas considerações, Irene?
Irene Falgas Bague:
Sim, gostaria apenas de enfatizar a comunidade da qual fazemos parte e pedir que entrem em contato com as organizações comunitárias que estão por perto, como Deirdre estava dizendo. E vejam quais são as oportunidades que podemos ter disponíveis, porque também a pandemia trouxe novas formas de aprender e obter tratamento. Isso é algo a explorar — quais são as coisas que podemos fazer para obter ajuda? Porque isso é muito importante.
Ken Duckworth:
Muitos recursos virão para as pessoas que se inscreveram neste webinar. Sei que cada uma de vocês enviou recursos que podem ser relevantes para questões mais específicas. Christine, alguma consideração final hoje?
Christine Crawford:
Está tudo bem se não estiver tudo bem. Estamos no meio de uma pandemia e é um desafio incrível para todos. E então, se há um dia em que vocês não são capazes de operar em 100%, tenham um pouco de piedade e compaixão por vocês mesmos, porque isso é incrivelmente difícil para todos nós.
Ken Duckworth:
Obrigado, Christine. Vamos passar a palavra de volta para Andrew Dreyfus e quero agradecer a todos vocês por participarem desta importante conversa.
Andrew Dreyfus:
Vou começar novamente agradecendo a Ken e agradecendo a Christine, Deirdre e Irene. Agradecemos as ideias que trouxeram para a conversa de hoje e o trabalho que vocês e seus colegas estão fazendo todos os dias para ajudar aqueles que enfrentam desafios de saúde mental. Quero agradecer ao The Boston Globe por sua parceria hoje nessas sessões e nas páginas do jornal. Todos os dias, o The Globe está ajudando a comunidade a entender melhor os problemas de saúde mental e conhecer alguns dos recursos disponíveis. Por fim, gostaria de me juntar a todos os painelistas para dizer que se você ou alguém de quem você gosta está passando por problemas de saúde mental, saiba que não está sozinho. Como nossos painelistas de hoje afirmaram, sempre há alguém disponível para ouvir, para ajudar. Temos muitos recursos em nossa comunidade. Aproveite-os, por favor. Agradecemos a presença de todos vocês hoje. Por favor, fiquem bem. Obrigado.